24/06
2016
Lá no lugar onde eu vivi
Vi o dilema, um problema, uma erosão
O fogo ardendo o chão
A foice cortando a mata.
Não vi mais o veado, lá só vejo o bem-te-vi.
Um pé de Ouricuri, solidário se balança
Umbuzeiro é a herança do sertão de antigamente.
Hoje, todo mundo sente, muitos fingem que não vê
A falta do zabelê, que por sorte ouvi falar.
O tatu alguém pegou a cutia não tem morada
Tudo é roça ou estrada, por isso que Sol nos queima.
Lembro-me; quando chovia, a orquestra entoava
Tudo cantava, a caatinga estremecia
Água de cacimba, tinha doce e era rasa
Abastecendo nossas casas
Animais; de cede não morria
No lugar onde eu vivia formulei minha cultura
Só comendo rapadura, gergelim feito fubá
Hoje só tem gambá e calango desnutrido
O papagaio foi vendido e não come mais castanha
Não sei quem com isso ganha
Mas eu sei quem vai pagar.
Quando um dia tua barriga doer sem ter remédio
Vai lembrar-se do marmeleiro
Ou mesmo da quebra-faca, doenças que nos ataca
E o remédio que nos cura.
O chá do olho da baraúna cura febre em bebê
É difícil descrever a farmácia natural.
Conheço e é real a umburana contra gripe
Até, Aedes aegypti foge com o seu cheiro.
Diante de tudo isso, não preciso dizer nada
Coloco nas tuas mãos a caatinga, a natureza
A fauna e a flora, e o rio com sua beleza.
Faço aqui o meu apelo, pela vida no Sertão
Diga sim a preservação
Pela vida tenha zelo.
Autor: Rogaciano da Silva Alencar (Santa Cruz-PE)
Foto: Jaquelyne Costa
São 12 anos de monitoramento. O monitoramento de fauna de longa duração consecutivo realizado na Caatinga Sensu Stricto.
Conheça nossos produtos e obtenha maiores informações, acessando a nossa loja virtual!
Campus Ciências Agrárias, BR 407, Km 12, lote 543, Projeto de Irrigação Nilo Coelho - S/N C1 CEP. 56.300-000, Petrolina - Pernambuco - Brasil - www.cemafauna.univasf.edu.br
Fundação Universidade Federal do Vale do São Franscisco