Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) conseguiu gerar energia elétrica a partir da atividade de bactérias Escherichia coli cultivadas em solução de água e nutrientes em ambiente controlado. Durante 11 dias, as bactérias geraram continuamente 0,5V, atingindo, nesta fase, o ápice da produção de energia. O trabalho é realizado pelos professores Helinando Pequeno de Oliveira, do Colegiado de Engenharia Elétrica; e Mateus Matiuzzi, do Colegiado de Zootecnia, em conjunto com a estudante de doutorado em Engenharia Industrial da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Ariadne Helena Pequeno de Oliveira.
A pesquisa teve início no final do ano passado, após a aprovação da proposta pelo Edital N° 11 de Cooperação Internacional Facepe/MIT e será desenvolvida na Univasf e no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. O projeto contará com a participação do professor do Departamento de Química do MIT Timothy Swager, que trabalha com a produção de grafenos modificados quimicamente.
Os primeiros resultados são animadores, segundo o coordenador da pesquisa, Helinando de Oliveira. “Nosso objetivo é cultivar bactérias para que elas sejam geradoras de energia e no futuro possamos transformar células bacterianas em fonte alternativa de energia e produzi-las em escala industrial”, informa. Uma das metas, de acordo com ele, é fazer com que as bactérias gerem energia em quantidade equivalente à produzida por células solares.
Com esse intuito, a equipe desenvolveu no Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (Leimo), do Instituto de Pesquisa em Ciência dos Materiais (IPCM), Campus Juazeiro (BA), um reator, formado por dois compartimentos de teflon separados por um trocador de prótons. Num dos compartimentos, foram inseridas as células bacterianas, cultivadas pelo microbiologista Mateus Matiuzzi, e a solução de água limpa e nutrientes. Elas são mantidas numa estufa, com temperatura controlada a 37°C.
Ao se reproduzirem, as bactérias geram energia e enviam para o outro lado, por meio de eletrodos de carbono, a água limpa purificada devido à troca de prótons pela membrana disposta entre os compartimentos. Esta purificação da água é outro efeito da atividade bacteriana. Oliveira observa que este resultado já era esperado, mas destaca o fato de a produção energética e a descontaminação da água ocorrerem num ambiente totalmente controlado e com um único tipo de bactéria, o que distingue o trabalho de outras pesquisas já realizadas com as Microbial Fuel Cells (MFC), como são chamadas as células bacterianas geradoras de energia.
Os pesquisadores da Univasf estão testando, no momento, a energia gerada pelas células bacterianas quando acopladas a um resistor. Ao conectá-las a um resistor de 1.000 ohms, eles obtiveram uma tensão de 53 milivolts, ainda considerada pequena. Mas a pesquisa, que está no início, será desenvolvida até dezembro de 2016.
Parte do estudo será realizada no MIT, com a colaboração do professor Timothy Swager. A ideia é utilizar os eletrodos de grafeno, produzidos por ele, em substituição aos de carbono que estão sendo utilizados aqui. O objetivo é verificar se há incremento na energia gerada. “Estamos confiantes de que até o final da pesquisa teremos bons resultados a apresentar”, afirma Oliveira.
Renata Freitas
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